sexta-feira

Doenças alérgicas

Dr Mario Morais de Almeida

Presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia

email. Clinicammoraisalmeida@netcabo.pt

  • Doenças alérgicas (Todo o tipo de alergias, ao frio

Fonte http://www.jasfarma.pt/artigo.php?publicacao=sp&numero=61&artigo=11

As doenças alérgicas, em todo o mundo, são cada vez mais frequentes e graves, podendo, efectivamente, relacionar-se com risco de vida. Se é bem-conhecido que a asma pode ter um desfecho mortal, as picadas de insectos, como de vespas ou abelhas, a toma de medicamentos ou a ingestão de alimentos não são habitualmente, nem reconhecidas, nem valorizadas, como responsáveis por quadros fatais.
Em alguns doentes alérgicos, com quadros clínicos muito graves, o contacto com alergénios, mesmo em quantidades mínimas, pode ser muito perturbador. A ingestão não reconhecida de alergénios alimentares, ocultados em outros alimentos (por exemplo, leite misturado com sumos de frutas ou mesmo com bebidas alcoólicas), pode colocar a vida de doentes alérgicos em risco. Os acidentes relacionados com a toma de medicamentos devem ser notificados e bem-conhecidos pelo próprio e sua família ou contactantes, as reacções relacionadas com picadas de insectos, especialmente se muito graves, devem ser rapidamente referidas ao médico assistente, o que geralmente não é efectuado. E a situação pode traduzir um risco de vida permanente.
De facto, embora questionado por alguns historiadores, remonta a cerca de 4000 anos o relato da primeira reacção alérgica fatal após picada de um insecto, facto muito referenciado pois vitimou um faraó egípcio. Se a situação, felizmente, não é frequente, continua, no entanto, a vitimar alérgicos a estes venenos, tal como acontece em Portugal, mais podendo ser feito para prevenir estas trágicas ocorrências.
A Imunoalergologia baseia a sua actividade na promoção da saúde, prevenindo, a vários níveis, situações que afectam a qualidade de vida das populações. O reconhecimento destes quadros clínicos graves permite delinear medidas de actuação em termos de diagnóstico e de tratamento, oferecendo alternativas alimentares, medicamentosas, estruturando a actuação de emergência se sintomas muito graves ocorrerem, pois uma unidade de saúde não está sempre ao nosso lado, conduzindo algumas intervenções terapêuticas específicas que têm de ser necessariamente efectuadas sob a orientação de especialistas em doenças alérgicas, com treino e experiência. Falamos em vacinas antialérgicas para venenos ou látex, ou em protocolos de indução de tolerância para medicamentos ou alimentos, os quais, especialistas nacionais têm capacidade para aplicar de acordo com indicações estritas.
Mas para que tudo isto seja possível, é essencial que existam mais especialistas, correspondendo à distribuição populacional do País, articulados em redes de prestação de cuidados diferenciados. Mas é também necessário que os cidadãos afectados, adultos e crianças, sejam encaminhados para esta especialidade. Aqui, muito existe ainda a fazer, quer no ensino médico pré-graduado, onde a Imunoalergologia corresponde a contactos fugazes, quer na educação médica contínua, quer na melhoria geral do conhecimento sobre alergia na comunidade, dada a sua enorme prevalência e incidência.
Porque, se actualmente a doença alérgica atinge mais de um terço da nossa população, não podemos deixar que exemplos da Antiguidade ou da ficção façam impunemente parte do nosso quotidiano.

Dr. Mário Morais de Almeida

Presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clinicammoraisalmeida@netcabo.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário